04/02/2011


fascista comecei com esta mas não adianta
aí mudo pra fumante fumante fumante fum
fedora te ponho os chapéus que você odeia
figo faço um gesto que entre minha espécie
se chama figa e você não falece tampouco
tampouco falo tampouco meu pau meu falastrão
meu finado filamento meu “tampouco” meu
tão pícaro ferrão pertencente à vespa bíblica
bibliófilo cientista chocolate churrasco de chocolate
latido inútil – inúteis tudo, todos meus dardos
cada uma de minhas pressões ato
leimadas contra seu plasma. a panela de pressão
da sua mãe cozinhando seu cometa a prece de pressão
alinhando o planeta ao seu palato pateta. seu
nazista infantil seu fanático por gandhi. mas não a pressão
dos meus dedinhos

minhas palavras de sapo fogem pra ponta da língua
de lá toda a visão de você é gostosa, é triturável
eu sarei

seus dedos pressionaram minhas têmporas com
a capacidade olímpica de não me ferir. eu nunca
precisei jurar, e meu reinado salvou um punhado
de bruxas confundidas com a migalha. voltei a palavra
antes de criá-la, antes de cortar minha língua e oferecer
a suas asas um tapete de mim, um não-aladim,
com minha língua esticada por estepe, caso suas asas
não assassem o ar e triunfassem e rissem. não pus em
xeque e em ridículo a teoria enviada a minha carne,
há seiscentos milhões de segundos, dos manuscritos
camuflados encontrados nos períneos dos jogadores
de futebol

mas depois de tudo, com a continuação do prêmio
nobel depois do armagedon, você poderia me revelar
o porquê da censura? por que eu nunca poderei ir receber
meu prêmio com o nome de Socorro? por que precisarei
trocar de nome, talvez Mímifo, para todos me abençoarem
logo à pioneira trombeta da primeira sílaba introspeccionada
no coração de cada aplaudequim
emocionando até as unhas, parte apática dos atores
com suas mãos que aplaudem, que me morigeram,
me morfinam, me aplaudem de pé com o pé o pistão – Sísifo
precisará ser lembrado, se nunca acabou? eu sou a rã-
arlequim, mas você jaz hermético, você faz jus,
você faz o jus, mas eu detenho em mim as sílabas corretas.
só na boca do seu filho é zejus

cristófago, o verde da minha pele foi chamado assim
por sua língua presa. as digitais dos seus dedos
demonstraram ser as mais vis utilitárias
aproveitaram a sua vida e deram o bote no golpe
que você me deu, todo doador. pega minha mão
eu pude ouvir do auto-falante dos seus mamilos,
e então elas se deslocaram para o reles-do-chão,
vamos dormir no terraço, meu papa, eu tb ouvi,
junto de duas frases mais, de altíssimo calão, eu oculto
porque não alcanço. suas digitais alçaram vôo e eu
ainda pude ver a minha língua alcançando aquele
conjunto de hibernações selvagens

a última coisa vaga desfiada que escutei
foi “fascista”, um tiquinho de pérolas de batata
caindo no meu colo, e me ferindo, pontiagudamente
no meu púbis obtuso, proibida entrada de adjetivos
Deus intitulava nossa história assim, como se obtuso
fosse um “jeito” do meu púbis. os tubérculos foram
como a honra em outros tempos, certeiros e certeiros
a cortina da minha janela do meu colinho se encheu de
raízes e morsas pantagruélicas, toda a fotografia
só pôde ser conferida e catalogada como “pantagruélica”,
você pensa que seus nomes morreram com você? que
o beijo de judas não era um cochicho fora do script?
nós dois só vimos o começo do beijo, a entrada
a entrada, a partir dali era tudo escuro e a luminescência
nós só roubamos por amor depois, muito depois,
até o furacão foi reconhecido, sua caligrafia difundida
de beduínos a nordestinos, e até o homem mais bonito
do mundo o genuíno ah enfim qualquer nome acompanhante
eunuco inútil – você tem que ler Lembranças e Tesouros, do
Neil Gaiman, pra se assustar e desejar e soluçar – o shahinai
soube, a sabedoria não teve pressão, não é assim que se
justifica a linha da água, “pressão”?

minhas palavras de sapo fogem pra ponta da língua
de lá toda a visão de você é gostosa, eu ganhei até um
colo: chame-me híbrido, você já está morto o suficiente
para a gengiva não beijar os dentes, e os dentes lamberem
a língua, e a língua tentar a boca
pros lábios falarem tudo, falarem a sua própria cura prorrompida
eu fui posto num éden para formigas, num spa para tamanduás
e todo o proselitismo existente para nossa ironia
in vitro

aí eu te mordi. sapo com dente? história para boi dormir
para boi contar e se desanimalizar. eu nunca consegui vegetar
completamente. eu fui irreclamadamente maualuno,
e quando aprendi toda a antena, de extremidade a extremo,
a cobaia aqui passou a chupar antenas de TV
de coquinha na corcunda.
a formiga mesmo riu de mim, eu fui
reprovado, imagine quando chegasse
à cabeça
eu poderia chupar toda a sua cabeça nesse dia
você instituiria feriado, ou ia vender fiado
fivelas para pais homúnculos baterem seus filhos
viadúnculos?

minha alma foi revestida de alvéolos de colágeno
para se autoproteger no colégio. mas eu não tô nem
aí se você brigar comigo... eu... eu larguei a escola.
e não vou voltar não, mesmo que eu precise terminar
pra chegar numa faculdade dos...
sonhos? eu sarei dos sonhos, você não chegou a ver
a ressurreição? mas eu que pensei que você fosse um
dos travestis que perfumaram Ele quando Ele saiu para
o escuro do dia, e brilhou, com neon e trigo. eu tb sempre
pensei que esses elementos nunca poderiam encontrar-se,
neon e trigo, poeira e zona abissal. mas observe minhas
glândulas. não são mais paratóides, não são mais berrugas,
não, não observe meu nariz, respire nele, sim, vem,

pode ser por um escafandro no começo, você escolhe,
tô brincando desculpa eu falar como se eu fosse precioso,
eu não sou precioso, eu não sou precioso, eu repito assim
porque tô imitando as antigas crianças que repetiam isso
naquela fita k7 que nós achamos na Língua do Jónsi, você
lembra? você se deslumbra, mesmo empalhado!

eu quero você provando meu nariz, meu sotaque do diabo
inocula nuvem e magia para fora da zona abissal, porisso
mesmo os pássaros lá em cima estão cheios de óleo preto
por dentro, mas desde que certo alguém me dedurou
os passarinhos não morrem, e suas asas cavam e tiram todo
o piche dos órgãos, certo alguém proporcionou uma
engrenagem maravilhosa, eu sinto o gosto da ferrugem
que cai em migalhas aqui. eu quero você provando meu pino
quio
que o manto de pregos talvez ceda uma superfície o mesmo abismo
uma criança morta com uma lista telefônica atravessada em seus
quadris pode abrir os olhos e brilhá-los, assim que o vento venha
e folheie as páginas violetas e ponha sem ver o dedo
exatamente no número onde a placenta é o mesmo cordão,
e a superfície o mesmo acorrentado abismo umbilical
e ufa
e livres

insistente seu acordo com as flores, insistente para mim
as flores só sentem prazer
mas eu sinto a pressão do seu aparelho mijando café no jardim

tabom eu regrido na oratória e eu queria só sentir seu perfume.
eu sinto que elas/eles não renderam bálsamo que não fosse o
próprio cheiro da sua carne na mesma cama que o cheiro delas/deles.
e o colchão era a mesma coisa que suas coxas e as deles e
as minhaseu
me ponho no dilema, eu sou um intruso no poema
mas está tudo claro e girino, você é o menino que morreu no caminho
e eu o óvulo preocupadíssimo.
nós vamo sará quando a gente achar os fones.
a gente só ia sará se achasse os fone(eu
quase sinto, realize, eu quase sinto seu cheiro original,
meu amigo, por um triz)

eu quase sei absolutamente
que o mp3 tá no repeat
e Sæglópur não tem fim
ai eu sarei ai!
gratidão! nós temo gratidão!
a gente só precisa dos fone pra adorar
ó qui nossa simetria, nossa simetria, sim,
nossa simetria, a nossa orelha e a nossa orelha.
oh fone, fure a cera e chegue dentro
entre pelo olho, o namorado tá tão distraído
com a maldade do mundo
meu namorado tá tão distraído
com a maldade do mundo
que ele quase existe
e meu reino não é deste imundo.

e nem eu do reino sou lúcifer

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