12/03/2011

e o crítico suspira, diz o arcanjo sobre as coisas
que não sabe. e o crítico menospreza o ritmo
enxuto pelo brilho abundante do olho normal
da besta de carga maquiavélica
contra o exército de autistas sem planos

e atinge com lentidão
a batalha, o tropel, o novelo de seios, a trupe de lendas
será que sou outsider até no Oriente? vítreo útero da igreja do corpo responde:
desprezo mole e desprezo duro
desprezo duro para o casamento infeliz com Mim
desprezo mole e maleável, espinho de espuma
para lacerar explodindo de charme
o vigor do que está ali fazendo a performance
que tem vantagens sobre o crítico; o crítico não desorganiza
e a performance é feita de restos de um galã de boleros

e a virtude embotada daquele ensaio de vulto
do vulto em espécie, do matemático com pele de folha com números beijando rugas com sofreguidão
como cafuné que fere e enfelizesce
atado à destreza-anã da plêiade de caroços
os comensais da oratória, as sentinelas sensíveis
celibatárias de repente apaixonadas pela areia

e o erro que mia sem provas de que está miando
enquanto o guidão produz superfícies para
um choque, uma nuca em plena claridade
uma eternidade cega falhada
com um cisco nu que olha tudo
a falha de estimação
o cisco que contem a
contemplação
e ante o crítico e o criticado
ante a indiferença materna da matéria
que considera poesia uma compensação bruta
ante o alvo do halo a estrada que anda

deita no cansaço evaporado e critica rabugices e infantilezas
de um pé moralizado pela ré que dera
deita no fácil e olha para o que está ali fazendo a
performance, até os pômulos brilhantes sem sedução
espreguiça-se ao  olhar, ri de alguma sensação que está tendo
será que corda animada, será que genuflexório a esmo,
será que cabeceira de onde a pendência pára de encostar
e fica uma dose mais virgem de compaixão; será que vela de cor sabendo dentro do corpo que o branco não foi feito para ser colorido, e essas lições chiadas

o crítico muge sem completar a vibração
sujo do próprio testamento
um bocejo de um segundo atrás é seu passado infausto,
cordeiro: ali há um que está lambendo
a corda, suicídio substituído, linha fácil, linha surrada,
linha fresca, linha suada e vesga, projétil de versos difíceis lançado para visitar as casas da aldeia
quem o recebe? e todos o recebem mas ninguém sabe o que fazer
linha onde ele possa se deitar e fazer
a obrigação de quem não é linha, deitar numa
e olhar sem saber que olhou para o crítico e coçar os olhos
com um gesto perdido entre o natural ganindo sem ser chuvisco
porque é o que está ali o que é, é o que está fazendo a performance
chocando pontiagudos, distribuindo origens,
sazonando gargantas onde a imaginação caiba uma carícia foragida inata
perplexo com uma garganta só com o corpo talhado desde a origem
enquanto nunca adormece a chama que indaga enquanto as águas acendem
e ele pode escolher entre castamente insinuar
ou prostrar-se com as unhas possuindo o corpo reto
ante a cama, ante o jeito, o cheiro de longe
do nariz inexorável, fixando, fixando, fixando exatidão, a palavra sem filhos
bastante
que o crítico persevera e açoita
apaixonado pelo jogador, e pelo morto
uma nereida de dentes confusos vem e oferece beijos podres para o mortobundo
mas não adianta, a não ser que ela morda deus na Parte Mais Macia

admoestaste o urso que não se masturbasse mais
falaste em língua de urso, e já estavas onã
supura doçura, sinecura de usura
critica a criança nova
descola-te do rap
e tece um rap etéreo

ele é acostumado com biografias apetitosas
e sua oscilação é um oceano panenteísta sem movimento próprio: só mar vivo
ele morde dentes para conseguir a escultura
e recebe de si telefonemas de cobrança de sofismas mortos
eu não quero que você se assuste, eu não quero que você congregue

e o crítico se debruça
com a voz que não tem joelho mas só engatinha: knee, know, endereço
ronco de fé prematura ELE SE DEBRUXA fixado por percevejos e asneiras, fujão
não foi só impressão quando pronunciou “música ininteligível”. o companheiro começava a ter fogo-selvagem do seu lado, ele permaneceu digno e não lamenta
agora o que está ali finalmente decidindo
quando está fazendo o fim o da performance, que suspiro:
imita o crítico agridocemente
ou mortalmente. O silêncio possibilita chegar. Aqui o crítico pede
e a performance se amestra com os dois apertados um ao outro
lance sem escadas
absinto lúcido
e uma totalidade da lasca enfim fora da lasca, a árvore se enforcou, menino? já era de se esperar
a brutalidade da compaixão sofreu perda da nossa respiração,
cuspe pra chegar em ti, arcanjinho do papai cheirar: um agiota e um idiota choram numa competição de ser à distância
na era antes do perdão ele está feito porque faz poemas como se fossem tradução
botões e sofismas irisados na barriga da guerra, que cheiro é esse de palíndromo chupando a si mesmo, que cheiro é esse de autooferenda feita dentro de alguém que cria galinhas anjudas, que cheiro de bardo sem munição, isso é um assalto, cheire: saliva perfumada e viciosa e estupefaciente
que rega a nossa urtiga
ciente de tudo

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