19/11/2010

você acha que eu estou brincando eternamente com letras de alumínio
tentando refletir na sua nuca de fungo
você não estaria para ver

se eu refletir uma vez
eu representarei a era
meu INRI será “o rei dos animais”
meu hermetismo a apatia de Hermes na cama?
a próxima palavra seria cume? ou coma?
eu me travestiria com terra ou abacate?
eu pensaria numa fobia para a insuportável visão da letra “a”
da cabeça aos pés na carta que escrevi
às suas pás
embora pé não tenha nenhum a
mas chamam de pá o lugar onde as asas foram enterradas
fadadas a sorrir para sempre
por favor afaste de mim o quanto de a tem em “sempre”
se eu olhasse... o arrepio duraria a pré-história
desta vez eu chamaria de Pré-Tu
mas a dissonância não seria maior que a ressonância
de ter imaginado Eu em inglês
uma galáxia de traços estáticos
um tracinho aqui e logo adiante o mesmo ali
daria pra construir uma cabana
mas eles são arame da cerca
você grita ai! e esta metáfora não é a idéia redentora

um deus ex-namorado
e um homem ex-máquina
você pretende casá-los?
e eu ainda seria chamado de zoófilo
mas uma vez que a luz cantasse na sua nuca
você veria nunca
você estaria para ver
você anuviaria a barriga e soluçaria uma corda

uma vez que a fênix empunhasse a vassoura
e amarrasse um lenço na cabeça
e cantasse para a Velha Björk
e até se masturbasse como o seu bebê
que atoleimada mímica!

e eu o velho eu estou para ver
mas não uso
e eu também não verei seu cogumelo
as letras tatuadas na bochecha esquerda
são tão escuras quanto o alumínio no seu ventre
o abraço também está aí?
este abraço também é nosso filho?

neste casebre cheio de churros
há uma peste de churros
a sustância para todo o apocalipse
eu apenas descubro
uma letra a
em cada churro

eu apenas sei
você não casou ninguém

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