você acha que eu estou brincando eternamente com letras de alumínio
tentando refletir na sua nuca de fungo
você não estaria para ver
se eu refletir uma vez
eu representarei a era
meu INRI será “o rei dos animais”
meu hermetismo a apatia de Hermes na cama?
a próxima palavra seria cume? ou coma?
eu me travestiria com terra ou abacate?
eu pensaria numa fobia para a insuportável visão da letra “a”
da cabeça aos pés na carta que escrevi
às suas pás
embora pé não tenha nenhum a
mas chamam de pá o lugar onde as asas foram enterradas
fadadas a sorrir para sempre
por favor afaste de mim o quanto de a tem em “sempre”
se eu olhasse... o arrepio duraria a pré-história
desta vez eu chamaria de Pré-Tu
mas a dissonância não seria maior que a ressonância
de ter imaginado Eu em inglês
uma galáxia de traços estáticos
um tracinho aqui e logo adiante o mesmo ali
daria pra construir uma cabana
mas eles são arame da cerca
você grita ai! e esta metáfora não é a idéia redentora
um deus ex-namorado
e um homem ex-máquina
você pretende casá-los?
e eu ainda seria chamado de zoófilo
mas uma vez que a luz cantasse na sua nuca
você veria nunca
você estaria para ver
você anuviaria a barriga e soluçaria uma corda
uma vez que a fênix empunhasse a vassoura
e amarrasse um lenço na cabeça
e cantasse para a Velha Björk
e até se masturbasse como o seu bebê
que atoleimada mímica!
e eu o velho eu estou para ver
mas não uso
e eu também não verei seu cogumelo
as letras tatuadas na bochecha esquerda
são tão escuras quanto o alumínio no seu ventre
o abraço também está aí?
este abraço também é nosso filho?
neste casebre cheio de churros
há uma peste de churros
a sustância para todo o apocalipse
eu apenas descubro
uma letra a
em cada churro
eu apenas sei
você não casou ninguém
19/11/2010
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