o que há no final de Undo?

para Björk e os outros nomes do mundo

(fundo musical: Undo

barriga e dianteira fecundada: Undo)

ontens eus escreveu
"eu já sublimei em êxtase"
ontem e ontem e ontem e hoje
eu escrevi "eu já sublimei em êxtase este é o fim do poema"
para a sua pergunta instantânea: "você sublimou mesmo?"
e minha velha resposta "na verdade não"

agora + agora + agora + agora =
se lembra da gente cheirando nietzsche no cangote?
já + já + já + já + já =
se lembra da gente cheirando emily lá embaixo?
disseram que o meu nome é Deinococcus
disseram que o teu nome é Deinococcus radiodurans

frascos fracos de frutas fleumáticas
as amoras morrem de preguiça
você é uma bolha troglodita
as frutas são autistas e a época se cansa
isto é o começo de um poema? este rascunho em filete
escrito nas suas gengivas?

você escreveu "na verdade não"
na minha gengiva, na sua, no aparelho siamês
para minha pergunta-relâmpago, e meu feitiço de vidro
um milhão de anos depois um novo poema
"mas ainda estamos no 2010"
a escala é uma lesma arcoírica, eu não aprendi na escola

amanhã nós escreveremos as primeiras linhas
do que foi imaginado hoje no abraço
amanhã + amanhã + agorinha + amanhã
mas em um inspirar-expirar tudo estará esquecido
eu cheiro teus ossos da amnésia
você inspira meus ossos da nuca

tudo estará aquecido
quando os trovões vierem solitários
tudo estará aquecido
quando os trovões amaldiçoarem sozinhos
branco e doente trovão coalhado
já que os relâmpagos estão todos conosco "Aqui"

afinal há um lugar sem pássaros (si)(ri(
afinal há o lugar sem borrachas (mul)(di(
afinal há o lugar sem apontadores (ta)(cu(
afinal há o lugares sem lápis de cor (nea)(la(
afinal há um ovo que não quebra nunca (mente)
no final uma criança depois de um milhão de anos