06/12/2010

os dedos dançaram os passos do teu nome
no fundo do rio
na parte rasa onde uma criança não teme a arraia
e os raios cochicham com astúcia
sobre uma nova morada

a mente é um atrapalhado invólucro
que tem por profissão não saber guardar
o instante em que não há lucro –
é fatalmente mais missão

o tempo e o espaço na moldura sem prisão
que o já perdido cérebro dedicou-se a morrer
foi assim, eu morri para a visão nascer,
e a tragédia era o aspecto do céu,
e a bonança uma fogueira chorando

eu não excluo. poderia aparecer
uma máquina que clonasse mil vezes
meu pecado e minha vida recém-refém,
boiando na parte rasa toda atraente – a areia toda
foi ver que monstro se ridicularizava
na superfície

mas eu apareci,
eu apareci para minha visão,
a areia se recolheu metralhada,
um monge derramou sêmen detrás do céu
e me disse no ouvido com o próprio fracasso:
os raios nunca foram lá

todos os ciscos do sol me ajudaram
e o monge e a areia e aquele conhecido anônimo
todos se alojaram, selvagens e cativantes
no meu sério corpo
ou era eu o palhaço fosco?
a visão tímida, sem rosto

os raios conheceram o fundo do rio
a areia chocou calor e comida
o monge brincou de esgrima com uma anêmona
e o anônimo trouxe as porcelanas do chá
fez-se o ritual do desperdício
todos tomaram chá de sumiço
foi-se leviano e um ano
foi-se normal e linha

mas nada disso importa. e o que importa
não importa, e tudo isso é um gravador ligado
perigosamente
e Deus pego em flagrante se masturbando
como se tivesse se escondido uma vez.
com a cueca melada de sonâmbulos
quem se surpreende, senão o seu reflexo?

meus dedos não têm boca e não tomaram nada
a não ser o fundo e o frisson
a mão não cincunvizinhou
a mão toda foi a dança do teu nome supérfluo
no fundo,
do teu nome inutilmente intérprete
de ti,
tão inóspito grito e sorriso e eletricidade
teu ser e tua cura,
eu dancei teu nome no fundo de
mim e eu não sei
nadar,
eu não sei nada,
mas foi assim que eu pude andar sobre a água
sem fé

Nenhum comentário:

Postar um comentário