13/12/2010

o desprezadeiro


eu tomo conta de um menino undívago
ridículo abestado bobo-alegre
o rosto é mais umbigo que o umbigo
a pele é mais mendigo que pele

e eu vesti

seus piolhos furta-cor
bicam feito corvos
meu odor

sua bruxaria
são duas bassouras
num beijo

nada é barrido
nada boa
não se barre o barro
não se é bom

mas nada no quintal
é resto
a cutícula ateia em toda unha
o fogo de sua cauda histérica
a polícia caça na floresta
a punção volátil
a agulha volátil

o senhor não sabe lidar com felixilina,
mas venha e tente e manipule e dê a faxina
na casa da canção que não é sua

já estava combinado com os mudos
eles derruiriam após a nossa saída
a casa da canção que não é sua
é uma pilha, toda sua

e eu volto a ser um trecho dele
uma traça, uma trela
ele é o meu casaco de pele
e eu visto violentamente
quase cobra
mas eu continuei senhor
eis-me senhor com um assobio

e ele não me dá trela,
ele undívago, sinuoso, aquarelal
prego e salvador
o que mais for, eu não sei mesmo
o que é “morcego”. meu impulso imprime
na sua testa um vento confuso e concentrado.
menino-do-buchão de cristal.
então tomar café de perto, talvez dentro, talvez o estômago
uma gruta de pó. e enfim a babá egocêntrica
receberá pelo que inveja.

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